quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Rainha de Ouros

   Dentro da proposta de pintar telas que remetam aos baralhos, fiz esta pintura da Rainha de Ouros mantendo uma maior fidelidade às estampas encontradas nas cartas de tarot. Em geral, costumo dar um tratamento um pouco mais contemporâneo em minhas elaborações, o que recusei deliberadamente neste trabalho por almejar um resultado absolutamente clássico. Como já havia dito anteriormente, meu trabalho tanto homenageia quanto parodia grandes mestres da arte universal como Rembrandt, Velásquez, Ribera, entre outros, infiltrando-se assim com seus elementos notadamente acadêmicos e impertinentemente ultrapassados o cenário da arte atual. 
   A Rainha de Ouros, ou Dama de Ouros, trata-se em suma da relação com a terra, e portanto, do universo material. Refere-se aos prazeres do corpo, a uma vida mundana, aos bens materiais, e à integração dos seres com o meio e a natureza. Incita-nos administrar com inteligência os recursos naturais e financeiros. Considerando nossa atual situação ambiental, quando nossas demandas extrapolam a torrente das fontes, deparamos com o seguinte paradoxo no tocante à carta: é essencial viver este aspecto mundano, sem que isso esgote, no entanto, os mananciais da terra.

pintura RAINHA DE OUROS- acrílico sobre tela
180x220 cm, de Wederson

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

O racismo

   O racismo é, infelizmente, um vírus estabelecido em nossa cultura. Estando latente num discurso que tenta dizê-lo ultrapassado, muitas vezes nem notamos seus sintomas mortificadores. Encontra-se tão arraigado em nossas ações diárias, em gestos aparentemente irrisórios, que quando alguém no-lo aponta, sentimo-nos ofendidos. Pois afirmarmo-nos não racistas, em nossas defensivas morais é como, no meu falível e precário ponto de vista, confirmá-lo! Em sua essência, tais elevados estados de alma são mudos, dispensando o espetáculo do discurso, e se confirmam apenas pela conduta.
    Demandará, ainda, muito tempo para que não lhe reste resquício em nosso país, mas esta realidade futura depende da vontade e sensibilidade de cada um, bem como de uma continuada vigilância acerca de nossa atitude, afim de que, combatendo-o, ele não se torne hereditário. É bom lembrar que somente quem sente na pele o racismo sabe o quanto, na hipocrisia, ele é malicioso e nocivo...

Ilustração ODIUM PHYLETICUM, acrílico sobre cartão, por Wederson

terça-feira, 23 de agosto de 2016

A pedofilia

   Quando eu ainda estava na faculdade de artes, presenciei um envaironment que jamais esquecerei. Para quem não sabe, existem duas maneiras de apresentar uma atuação artística: A PERFORMANCE, onde o artista tem total ou quase total controle de suas ações em relação ao público ou à condução da mesma, ou o ENVAIRONMENT, quando o artista propõe ações cujo desfecho é imprevisível. Pois bem, na referida apresentação, um dos estudantes montou um cenário lúgubre, com uma música igualmente macabra, onde se via na parede uma tela ricamente emoldurada, tendo gravada uma frase em latim (aludindo à qualquer coisa a respeito da pedofilia), uma mesinha de canto e um aquário com um lindo peixe beta. O referido artista entra em cena, pega um grampeador rocama, e tirando o peixinho do aquário, o grampeia pela cauda na tela, para a perplexidade geral do público ali presente. O sujeito então simplesmente sai de cena, provavelmente indo mesmo embora, deixando o peixe agônico se debatendo na tela. Tal cena causou um desconforto poucas vezes visto, uma sensação generalizada de sufocamento, protestos, lágrimas, e mesmo eu, que gosto de pescar, fiquei revoltado com  a crueldade explícita da "obra", preparando-me para juntar à turba que já se debandava, igualmente revoltada, do recinto. "A coisa estava tão evidente, tão óbvia, mas como somos condicionados a NÃO tocar em arte, não percebemos"! Após tormentosos instantes de inércia geral, um rapaz da platéia,  que nem sequer era estudante da escola(  e talvez por isso mesmo), sacou com determinação sua chave da moto, arrancando o peixe da tela, devolvendo-o ao aquário. Tal atitude foi amplamente ovacionada, seguida de uma sensação de alívio, e só então caiu-nos o véu da insensatez: porque eu, ou qualquer um dos que se sentiam desconfortáveis, não tomamos tal iniciativa? Porque esperar que outro fizesse justiça, estando esta igualmente em nossas mãos? Então, contemplando a frase em latim que nunca consegui traduzir, mas cuja palavra PEDOPHILIA deixava bem claro a intenção, foi que compreendi todo o alcance deste trabalho: todos vêem, se incomodam, mas ninguém faz nada!
   Assim o é na vizinhança, na comunidade. Ás vezes, na própria família! Um assunto tão perturbador, que muitas vezes optamos em turvar as vistas com nossa letargia, convencendo-nos de que o evidente é apenas uma mera impressão...

Ilustração- A SOMBRA- acrílico sobre cartão, por Wederson

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Um caso com gatos

   Há alguns anos ganhei uma gatinha ainda filhote. Como moro sozinho, o presente teve o pretexto de aplacar minha solidão, e assim, sob alguns protestos, tive que declinar em aceitá-lo. A gata cresceu e, numa escapulida de uma noite, arranjou mais três filhotes. Minha vida virou uma confusão divertida! Fato é que, os gatos, com seu temperamento autossuficiente e aparentemente arrogante, são muito sedutores. Tanto que, sem dar-me conta, comecei a pintá-los em inúmeras ilustrações, denunciando, provavelmente, este estado de espírito das pessoas apaixonadamente cativas...

 Gata hippie- acrílico sobre tela, por Wederson

 Gata baiana- acrílico sobre tela, por Wederson

 A daminha- acrílico sobre tela, por Wederson

Gato punk- acrílico sobre tela, por Wederson

Gato pirata- acrílico sobre tela, por Wederson


"Tubias"- acrílico sobre tela, por Wederson

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Sobre minha gente( e a arte despretensiosa)...

   O estado de Minas Gerias foi lapidado por um interessante processo histórico, alicerçado em  ouro e jóias preciosas, cobiça, conflitos, suor e sangue, histórias e estórias, fé, esperanças e temores, lendas e crendices, sagrado e profano, e por toda ordem de bagagem multicultural trazida e acumulada em seu processo de ocupação.
  Enquanto artista mineiro, sinto-me encantado com a simplicidade do povo que, resultando desta mixórdia de elementos,  confere hoje à cultura de Minas Gerais, no meu ponto de vista, sua maior riqueza. Por isso, seduzido por esta raiz inextirpável, atrevo-me navegar ás vezes por temas tão simplórios, deixando através de minha linguagem artística um rastro que, não sendo muitas vezes conceitualmente inventivo , faz lembrar o perfil de minha gente.

Pintura O SEGREDO- Acrílico sobre tela
1,70x1,00cm, por Wederson

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

A bailarina

  A rodovia MG-5, sentido Sabará, apresenta, próximo a ponte do Rio das Velhas, antigas pedreiras desativadas. Morei num bairro ali perto durante quase toda a infância e juventude, e várias vezes fiz este percurso a pé, que de minha antiga residência ao centro histórico de Sabará, tem exatos 13km. Quando criança, ouvíamos de minha casa a detonação das dinamites nas pedreiras, que deixaram hoje alguns paredões nus. Pintei uma bailarina num paredão, numa das reentrâncias da pedreira que ladeia a rodovia, conferindo ao conjunto uma leveza inusitada à crueza maciça das rochas ofendidas pela mineração. O trabalho, confeccionado a partir de um minúsculo patamar, cujo acesso se fez escalando, e a alguns metros do chão, acabou sendo de difícil execução, resultando mesmo distorcido, mas finalizou com a leveza que eu queria imprimir.




A BAILARINA- pintura em acrílico sobre pedreira, por Wederson

domingo, 7 de agosto de 2016

Gangorras( projeto CLÃDESTINO)

   O projeto CLÃDESTINO contemplou hoje o mítico viaduto de Santa Tereza, em Belo Horizonte. Reduto este que tem sido palco de várias manifestações culturais da cidade, e que muitas vezes foi esquecido e revitalizado, serviu desta vez de suporte para as gangorras de um casal de crianças feitas em papel colê, causando admiração e espanto dos transeuntes ali presentes. Mesmo a polícia, que compareceu no local para saber do que se tratava, teve uma postura admiravelmente diligente e gentil, como o deve ser. A obra remonta a um tempo quando, numa cidade ainda tranquila, podíamos brincar livremente onde quer que julgássemos adequado. Embora fosse evidente a estranheza causada pela intervenção tão aparentemente incabível, vejo que estranho mesmo deveria ser viver numa cidade onde os balanços, brincadeiras de rua, e aquela atmosfera do terno universo infantil foram perdendo, pouco a pouco, espaço para uma realidade tão destituída de fantasia.

Trabalhando nas esculturas, em meu estúdio


A polícia, em abordagem de rotina, trabalhou com inacreditável zelo...




Obra- AS GANGORRAS- Escultura em papel, por Wederson
fotos- Amanda Carabina

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

A leitora

   Ao fazer um projeto de intervenção artística pública, cabe ao artista muitas vezes observar o melhor contexto a ser utilizado. Pode-se neste caso elaborar algo que tenha, pela localização, uma grande visibilidade, ou algo que aluda diretamente ao próprio espaço, considerando-se fatores pertinentes a significação do mesmo, ou  ainda apropriar-se de elementos concretos que este espaço ofereça, criando-se assim uma correlação geográfica entre obra e locação. 
  É comum a qualquer um de nós enxergar figuras em determinados locais, pois seu aspecto e elementos nos impele a fantasiar ali formas e ações que se encaixam em formas preexistentes. Asim se cumpre, estimulados por uma sensação ou reflexo quase obsessivos, concretizar plasticamente a imagem que, antes inexistente, salta-nos persistente às vistas da imaginação.  


A LEITORA- pintura em acrílico sobre muro, por Wederson

sexta-feira, 29 de julho de 2016

"...A mesma praça..." mas o banco não é o mesmo.

A arte simples, num simples banco de praça

   Incomoda-me sempre ver, pela cidade, pracinhas arruinadas! Esses fundamentais espaços que, na sufocante realidade urbana, permite-nos respirar. Em minha infância tive muitas ruas para brincar, mas o que as crianças tem hoje? Por isso fiz, numa pequena pracinha, uma
singela pintura num dos seus bancos, com figuras que remetem ao que, a priori, deveria ter ali. Sei que logo a própria pintura estará igualmente deteriorada, mas talvez o recado tenha sido dado...







Pintura sobre concreto, por wederson



quinta-feira, 28 de julho de 2016

Carta O LOUCO

   Ao trabalhar alguns anos com saúde mental em Minas Gerais, adquiri uma nova visão quanto a questão da loucura. Dei-me conta de que ela é algo muito mais triste do que aparenta, complexa em suas inúmeras formas de entendimento, mas também aprendi o quanto este indivíduo dito louco é instigante, fascinante e singular. Como artista, tal experiência serviu para alimentar meus instintos com um procedimento mais despojado e desagarrado de conceitualismos dados como certos ou ideais.
   A carta do tarot O LOUCO é talvez a que melhor se aplica a minha própria condição. Sinaliza uma certa inquietação, a curiosidade, o permitir-se novas experiências, a busca pelo novo, a realização de desejos em geral reprimidos ou mudanças necessárias_ o que, certamente, pode causar-nos uma incômoda confusão_ mas orienta atitudes espontâneas e acolhedoras, levando-nos a saber que, na caminhada, apesar de todo cabedal intelectivo acumulado, somos sempre aprendizes.
    Em minha concepção artística, elaborei uma pintura bem equivalente à representação usual da carta, uma vez que tal imagem deixa bem claro  esta conduta peripatética.

   Pintura O LOUCO_ acrílico sobre tela_ 120x200 cm, por Wederson
                    
    

terça-feira, 26 de julho de 2016

Uma casa, um mangue...

   Em 2015 fiz esta pintura mural em uma casa no Espírito Santo. Ela fica  numa praia quase selvagem, às margens do formoso encontro do rio Cricaré com o mar. O rio, que vem serpenteando do interior do estado, tem como vegetação ciliar o mangue, ali muito bem preservado, onde se encontra com fartura o apreciado caranguejo Aratu, cujas cores vermelho-alaranjada deixa florido o chão de lama preta do ecossistema. 
   Em determinadas épocas, os caranguejos saem das tocas, no que se denomina "andada", para se acasalarem. É comum encontrá-los inclusive nas estradas próximas ao mangue, onde tornam-se vítimas muito vulneráveis, tanto de catadores sem consciência( já que em tal período a cata é expressamente proibida), bem como de veículos que os acabam esmagando. A destruição dos mangues ou a coleta indiscriminada dos caranguejos coloca-os em avançada e perigosa ameaça, sendo que a cata de algumas espécies hoje raras já está proibida.
   A foto que abre a primeira postagem deste blog refere-se ao trabalho que fiz nesta casa. Hoje, resolvi contar a história por traz da imagem, e porque o notório personagem, nesse contexto, mereceu tal homenagem...



      CARANGUEJO ARATU- Pintura em acrílico sobre parede, por Wederson

domingo, 24 de julho de 2016

Carta A CRIANÇA

   A CRIANÇA é uma carta do baralho cigano. Como tenho dito, existem vários modelos de baralho, cada qual com suas cartas e conotações específicas. Indica, em geral, a inocência, as descobertas, e as atitudes pueris tão equivalentes à infância. Aponta novos caminhos, e aquela ação tão despojada de uma certa falta de limites, que faz com que a criança se julgue capaz de qualquer coisa. Traz-nos uma mensagem de leveza, por isso em minha representação pictórica vai uma menina equilibrista, no amparo da mãe, mas com uma convicção e determinação impassíveis.


Pintura- A CRIANÇA- acrílico sobre tela, 
120x200cm
por Wederson

quarta-feira, 20 de julho de 2016

São Jorge

  São Jorge, soldado romano nascido na Turquia, degolado no ano de 303 por declarar-se cristão, tornou-se, a despeito de uma biografia lendária, um dos santos mais cultuados no mundo. Na umbanda, está associado a Oxóssi e Ogum. No tarot, é relacionado à carta "cavaleiro de espadas". Sua imagem, montado num portentoso cavalo matando um dragão, provém de mais uma das lendas que cercam a vida do santo, mas pode também ser vista como uma metáfora de sua "luta" contra satanás.
   Pintei este quadro repleto dos elementos geométricos dos baralhos, mesclando-os à já tão mítica representação figurativa do santo, conferindo-lhe nas cores chapadas um mosaico de formas e tons.


Obra -VALETE- acrílico sobre tela
120x120 cm

terça-feira, 19 de julho de 2016

Ilustração na beira do córrego Cheflera

   Na região norte de BH nasce o córrego Cheflera. O nome estranho deve-se a uma planta asiática muito utilizada em jardinagem:


   O regato é afluente do córrego Vilarinho, que deságua no ribeirão do onça, e que por sua vez encontra o Rio das Velhas. Todos eles terrivelmente poluídos na grande BH. O pobre córrego Cheflera, no bairro Etelvina Carneiro,  e personagem desta publicação, até matem em alguns redutos uma certa beleza, triste e mórbida, mas como muitos outros em nossa cidade, está iminentemente condenado.


Fotos do córrego Cheflera no Etelvina Carneiro




   Ao percorrer suas margens, vemos uma grande quantidade de canos de esgoto caindo diretamente das casas ribeirinhas. No barranco que escolhi para fazer minha ilustração, por exemplo, compartilhei o espaço com um cano despejando dejeções o tempo todo. A água do regato, translúcida em alguns pontos, não deixa enganar quanto ao desagradável odor.

Barranco selecionado para interferência

      Utilizei como tema alguns dos peixes cada vez mais raros da bacia do Rio das velhas, pintando-os num barranco de argila e areia com tinta biodegradável. Ao ser questionado por alguns transeuntes acerca da escolha de um espaço tão frágil e inconsistente para fazer o trabalho, disse apenas que, tanto o desenho quanto o ribeirão estão fadados a um fim inevitável.

Ilustração no barranco



Pintura em acrílico sobre barranco, por Wederson
  

   Provavelmente, daqui há alguns anos, o que restar do córrego se transformará em mais uma avenida sanitária. Pois o mundo precisa cada vez mais de avenidas,  e menos rios...


segunda-feira, 18 de julho de 2016

Zeus e Hera

   Fiz uma homenagem aos meus pais retratando-os numa alusão ao grande casal mitológico. Obviamente, ao compreender a mitologia, percebe-se que suas personagens possuem caprichos de vaidade, poder, ambição, traições e mesmo crueldade que, graças a Deus, estão longe de equiparar-se à personalidade tão simplória  e generosa de meus pais. Nem eu seria, por esta pretensa ascendência familiar, um deus! Trata-se apenas da apropriação, como dito em publicação anterior, da temática clássica que tanto me encanta, numa fusão quase caricata com motivos contemporâneos. Para tanto, no topo da hierarquia da mitologia clássica greco-romana, este pilar da cultura ocidental, coloco a imagem de meus pais, que não sendo o seres supremos do universo, o são em meu universo subjetivo.




Zeus, ou um retrato paterno- acrílico sobre tela_ 120x200cm
por Wederson

Hera, ou um retrato materno- acrílico sobre tela- 150x180 cm
por Wederson

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Um sagui na lixeira

   Tem sido comum, em alguns recantos de Belo Horizonte, deparar-se com certos animais silvestres. Isso, bem mais que interessante ou belo, é um dado preocupante, pois denota uma situação já tão evidente: a destruição das matas e habitats naturais no entorno da cidade, motivadas em grande parte por uma especulação imobiliária desordenada, e degradação das áreas rurais do estado. Resta a esses animais migrarem para um polo onde, sem opção, possam encontrar um mínimo de recurso para sobrevivência. Uma vez nos grandes centros urbanos. tornam-se vítimas ainda mais vulneráveis,  e entre outros problemas, precisam readaptar-se a novos hábitos, geralmente insalubres.
   Imagine só a que ponto chega o desalento desses animais, tendo que convergir, pela necessidade vital, na direção de uma realidade que, por nossa presença, sempre foi-lhes o pior dos pesadelos! Pintei um mico numa lixeira, e isso, infelizmente, não tem nada de engraçado: é apenas um retrato, triste e perturbador, de uma situação cujo fim não posso prever, mas consigo imaginar...



O MICO_ pintura sobre lixeira, por Wederson