segunda-feira, 4 de julho de 2016

Sobre canetas e caixotes

   
   Em 2009, por ocasião da conclusão de minha graduação em artes plásticas, e tendo como uma de minhas especializações o desenho, resolvi fazer um trabalho um pouco diferente. Como eu já me via às voltas com as canetas esferográficas, utilizei-as na confecção de um grande desenho, impresso nas laterias de uma pilha de 40 caixas de verdura. Foram gastas mais ou menos 700 canetas para se alcançar o resultado almejado, e duas semanas de trabalho. Tudo isso, para não parecer demasiadamente excêntrico, sinalizando a finitude das coisas: A finitude da própria obra, que tendo por química a tinta das canetas, cuja composição, após anos de exposição à luz, se apaga; a finitude das plantas, já em sua origem fadadas a se tornarem matéria prima do capital; a finitude da natureza virgem, não o seu fim em si, mas aquele acelerado pelo esfaimado apetite da ambição humana; e por fim, nossa própria e incondicional finitude.
   Tendo sido exposta uma vez, e por não haver na época como preservá-la, a melhor solução foi incinerá-la, corroborando o propósito pelo qual surgiu...





Canetas esferográficas sobre caixotes de fruta, por Wederson



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